A Justiça de São Paulo decretou nesta sexta-feira (20/12/2019) a prisão preventiva de 22 envolvidos em uma rinha de cães descoberta pela Polícia Civil no final de semana em uma chácara em Mairiporã, na Grande São Paulo.
A juíza Daniela Aoki de Andrade Maria, titular da 2ª Vara Judicial da cidade, entendeu que eles não cumpriram a determinação de se apresentarem à Justiça durante a semana, o que foi considerado por ela a demonstração "de que não pretendem colaborar com a Justiça" e "frustar" a aplicação da lei.
No total, foram presos 41 homens envolvidos na briga de cães mas, após audiência de custódia, realizada na segunda-feira (16), apenas um deles permaneceu preso, acusado de ser o organizador do evento.
Os demais participantes foram soltos e terão até dez dias para pagar fiança com valor que varia entre dois e 60 salários mínimos.
O Ministério Público recorreu da decisão, pedindo que fosse decretada a prisão dos outros 40 envolvidos, defendendo a gravidade do crime. O caso corre sob segredo de Justiça.
Os suspeitos respondem por maus-tratos de animais, associação criminosa e jogos de azar (eram feitas apostas em dinheiro nas lutas para saber que cão sairia vencedor e qual perderia a disputa).
Sobre o caso:
A investigação começou após uma denúncia anônima contra um treinador e um criador de pitbulls em Curitiba e São José dos Pinhais (PR). Os investigadores passaram a então o monitorar e o seguiram no último sábado (14) até uma área rural no município paulista. Lá, encontraram dois cachorros "duelando".
Com ajuda da polícia de São Paulo, os agentes obrigaram um norte-americano a separar os dois cachorros. Além dele, foram presos um mexicano e um peruano. Seis dos presos chegaram a fugir, mas a polícia conseguiu capturá-los após os acusados retornarem ao local do crime.
Foram presos médicos, veterinários, um policial militar, cinco estrangeiros e vários adolescentes que participam do duelo internacional de cães da raça Pitbull.
Segundo o delegado Matheus Loiola, a organização criminosa era Internacional e o último duelo ocorreu na República Dominicana. "Todos eles são financeiramente bem sucedidos. Todos sabiam o que estavam fazendo", relata. Todos estão presos e passarão por audiência de custódia ainda nesta segunda-feira (16). Eles vão responder por associação criminosa, maus-tratos contra animais com agravante de morte e jogo de azar.
Ao todo, 41 pessoas foram presas em flagrante. Os animais encontrados estavam muito machucados e alguns mortos. Foram achados 33 cachorros na região do Chácaras Reunidas Ipê, em Itu (SP).
Nesta sexta-feira (20), a Justiça de São Paulo decretou a prisão preventiva de 22 envolvidos na rinha de cães. Ao todo, 41 homens foram presos, mas apenas um permaneceu na prisão após ser apontado como o organizador do evento.
Mais canis
Depois da descoberta da rinha, a Polícia Civil de São Paulo resgatou na terça-feira (17) mais 33 cachorros em situação de maus-tratos em uma chácara em Itu - o responsável pelo local também tem envolvimento com o evento em Mairiporã.
Os animais estavam com problemas de saúde, sem comida nem água, assim como outros cinco cães descobertos pelo delegado Laiola e sua equipe em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, que também pertencia a um dos detidos no sábado.
Animais sofreram horrores dentro e fora dos ringues
Um dos cachorros da raça pitbull resgatado de uma "rinha" de cães, em Mairiporã (SP), chegou a urinar sangue, de acordo com o delegado o delegado Matheus Laiola, da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente no Paraná.
Investigadores apontam que os cachorros da raça pit-bull encontrados eram alimentados com restos de outros animais mortos criados na propriedade.
Segundo a PCPR, um churrasco com carne de cachorro era servido aos participantes do evento criminoso. A veterinária que acompanhava a polícia identificou que os cães mortos durante o duelo eram servidos aos participantes.
E havia veterinário no local responsável por “tratar” do cachorro após do duelo para que pudesse voltar para o ringue na mesma noite. Os animais eram estressados pelos veterinários e treinadores, passando por fome e sede durante dias, para terem um melhor desempenho durante a luta.
“Era uma quadrilha extremamente organizada para causar intenso sofrimento a esses animais”. “Os cachorros mortos eram assados para eles comerem, uma cena totalmente de terror”, sintetizou o delegado.
Rinha era transmitida pela internet
A quadrilha era bem especializada e estruturada. As lutas eram transmitidas em grupos fechados pela internet para o mundo todo. Ano passado a rinha aconteceu na República Dominicana.
“Trata-se de um grupo especializado em rinha internacional. É um grupo extremamente organizado. Eles vendiam camisetas do evento com a pesagem de cada animal e faziam apostas físicas e online, em grupos fechados pro mundo inteiro. Eram especializados em causar intenso sofrimento a esse animais”, afirmou o delegado.
A Polícia Civil de São Paulo apreendeu cerca de R$ 47 mil no local. Cada cão Pitbull vale em torno de R$ 200 mil porque são selecionados geneticamente, treinados pra isso. Segundo a investigação, os cães eram obrigados a fazer esteira, natação e eram privados do convívio de outros animais.